Por Sergio Vidal, autor do livro Cannabis Medicinal introdução ao Cultivo
“Vidal beleza? Tirei uns clones, cortei coloquei num copo com água uns 5 min, depois raspei o talo um pouco e passei no clonex e coloquei no palet, ja desde dia 10/11, porém parece que tão todos mortos, que fazer? Devia ter deixado mais tempo na água, ainda não coloquei pra florir, melhor tirar outras mudas?”
“Vidal beleza? Tirei uns clones, cortei coloquei num copo com água uns 5 min, depois raspei o talo um pouco e passei no clonex e coloquei no palet, ja desde dia 10/11, porém parece que tão todos mortos, que fazer? Devia ter deixado mais tempo na água, ainda não coloquei pra florir, melhor tirar outras mudas?”
Para clonar uma planta é preciso estar atento aos detalhes do procedimento. O primeiro fator a ser observado é que os clones devem ser retirados preferencialmente de plantas saudáveis, que mostrem vigor. Isso porque durante alguns dias o galho que será arrancado para se tornar um clone terá que sobreviver por alguns dias sem raízes que lhes supra de nutrientes, ao mesmo tempo que irá destinar boa parte da sua energia para produzir as novas raízes.
O segundo fator item que devemos lembrar é que a seiva da planta corre do caule para os galhos e folhas, num processo contínuo, que não para de ocorrer porque o galho foi cortado para virar clone. Por isso é importante que ao fazer o corte no galho a extremidade seja imediatamente selada com um gel apropriado, ou o galho seja colocado diretamente na água. Assim evitamos que o ar entre pelo corte e provoque a morte da muda. Após selar o corte, devemos colocar a muda num substrato apropriado para enraizamento, que é formado em sua maior parte por algum material com propriedade de manter o solo aerado, como perlita, vermiculita ou pó de coco. Cada cultivador tem uma receita própria, até porque tudo depende das condições climáticas da estufa e da região onde se está cultivando.
O terceiro fator que devemos atentar é justamente para o controle climático, citado acima. A umidade é um fator fundamental no sucesso do enraizamento das mudas de cannabis. Para produzir raízes as mudas precisam ser mantidas em ambientes com umidade relativa do ar elevada acima, dos 85%. Porém, ao mesmo tempo que o clima da estufa de clonagem precisa ser extremamente úmido, o substrato no qual os clones estão enraizando jamais deve ficar encharcado ou umedecido demasiadamente. As mudas precisam respirar muito oxigênio e também sentir que é necessário buscar a água e, com isso, estimular a produção de novas raízes. Por isso muitos cultivadores e cultivadoras optam por colocar uma redoma transparente que permita a passagem da luz e evite que a umidade se dissipe.
Uma maneira de controlar a umidade para produzir clones é utilizando um compressor de ar e uma vasilha para manter a água, conforme a foto. A ideia é utilizar uma vasilha cheia de água, um compressor de ar para oxigenar a água, e uma tampar com alguns furos, por onde se possa enfiar as partes cortadas dos galhos. Então após alguns dias as raízes irão se desenvolver na água. A água garante que a umidade será sempre alta e o compressor garante que as plantas não irão se afogar nem apodrecer na água. Essa técnica é a mais prática e fácil para jardineiros e jardineiras iniciantes, porém ela demora mais a enraizar e as raízes não se fixam em nenhum substrato. É ideal para cultivos hidropônicos. Em cultivos de solo é possível usar lã de rocha, jiffy (discos de turfa prensadas), ou alguma mistura de substrato de sua preparação própria. Nesse caso sugiro algo como 50% perlita e 50% pó das fibras do coco ou vermiculita.
O quarto fator que devemos lembrar é com relação à iluminação. Clones não precisam de energia luminosa com a mesma intensidade e quantidade de plantas adultas e podem ser mantidos em iluminação de fluorescentes fracas, por 18hs ao dia. Isso é feito para que a planta possa entender que está verão (dias longos e noites curtas), e que ainda não é hora de florir. Porém, para economizar energia e também não forçar demasiadamente o metabolismo dos clones, é possível adotar a estratégia de noites curtas sem dias longos, que também impede o florescimento. Basta programar o temporizador para ligar as luzes por 6 horas, depois desligá-las por mais 6 horas, ligá-las por mais 6 horas e então novamente deixá-las mais 6hs desligadas, num total de 12hs de luz e 12hs de escuridão por dia, porém jamais ultrapassando uma "noite" de mais de 6hs, o que impede que a planta entre em floração.
O quinto e último fator que considero fundamental para que se obtenha boas taxas de enraizamento com os clones é a alimentação via foliar, após alguns dias de retirados as mudas das plantas-mãe. Como não têm raízes ainda e precisam de muita energia, especialmente dos nutrientes P e K, os clones devem ser alimentados com o uso de fertilizantes foliares, assim os clones podem se alimentar através das folhas. Só é importante ficar atento à necessidade de utilizar concentrações muito pequenas de fertilizante.
Mas como saber qual a planta certa para clonar?
Mas como saber qual a planta certa para clonar?
Infelizmente não tem outra forma de saber se uma planta será macho ou fêmea a não ser quando elas apresentam as flores. Também não é possível avaliar nenhuma das características das flores antes da colheita. Textura e densidade das flores, concentração de resina ativa, proporção dos canabinóides e terpenos, todos esses são fatores que se apresentam de forma aleatória em conjuntos de famílias de espécimes canábicos, chamadas linhagens. Cada linhagem carrega um conjunto de genes específicos que irão definir como serão as flores de cada uma das plantas numa determinada família. Numa mesma linhagem de plantas, os machos sempre são mais vigorosos, crescem mais rápido. Se você tem todas as sementes da mesma genética, e é uma genética bastante estável (plantas muito parecidas umas com as outras), é possível saber que as que se destacam em velocidade no crescimento, que aparentam ser as mais saudáveis, podem ser machos. Mas não vale a pena eliminar as plantas antes delas mostrarem o sexo.
Do mesmo modo não é legal eliminar nenhuma planta antes de conhecer seu potencial genético. Algo que só saberemos após a colheita. Muitas pessoas compram sementes feminizadas e retiram clones apenas de um dos espécimes cultivados, acreditando que isso é perpetuar uma genética. De fato, você irá perpetuar o conjunto de característica de um dos espécimes que você cultivou, mas não saberá se ele é realmente o portador das características que deseja. A estratégia correta é retirar clones de todas as plantas e só após a colheita escolher quais genéticas você irá perpetuar. Isso se chama seleção e é feita constantemente nos melhores cultivos. É ela que garante a otimização do espaço, do tempo, de trabalho e diminuição dos custos.
A probabilidade de sementes feminilizadas nascerem macho é muito pequena. Ainda assim ela existe. Então, é importante mesmo ficar atento aos primeiros sinais de flores nas suas plantas. Porém, as plantas só mostrarão o sexo no momento correto, quando amadurecerem o suficiente ou se você forçar a floração.
É possível forçar a floração das plantas fazendo elas entenderem que chegou o inverno. Para isso, as plantas precisam receber ao menos 12hs de escuridão total, sem qualquer interferência de luz. Nesse regime, em poucos dias elas mostrarão nas “axilas” dos galhos, pequenos botões florais, chamados pré-flores. Se eles se parecerem com uma pequeno cálice, como na flor fêmea, então, é uma “menina”. Se forem pequenas bolas, como na flor macho, então é um “menino”.
Quanto ao melhor momento e qual parte da planta clonar, posso dizer que um clone é um galho da planta. Há pessoas que retiram galhos grandes, para terem clones grandes. Outras preferem retirar clones pequenos. No fim, o que vale é a preferência de cada cultivador e suas condições de cultivo. Se sua planta não desenvolveu galhos muito grandes, você acabará tendo que fazer clones pequenos mesmo. Algumas linhagens tem maior tendência a produzir galhos do que outras. É possível forçar a planta a se ramificar mais amarrando-a desde pequena, para que ela procure desenvolver ramos laterais, como na foto abaixo.
Mais uma vez espero que tenham gostado do texto e, principalmente, que ele tenha ajudado a esclarecer mais a respeito da natureza da cannabis e do seu cultivo. Enviem suas mensagens, críticas, etc e, principalmente as dúvidas, preferencialmente com fotos, para o e-mail: sergiociso@gmail.com
Vídeos ensinando a clonar Boldo Chinês
PARTE I
PARTE II
+info: publicado originalmente no blog parceiro Hempadão
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