Por Sergio Vidal, autor do livro Cannabis Medicinal introdução ao Cultivo
Essa mensagem é de um camarada, querendo uma consultoria de como melhorar o cultivo dele, que é feito numa região árida do Ceará, numa pequena propriedade rural. Ele me enviou as fotos das suas plantas e me pediu conselhos do que está se passando e o que é possível fazer para melhorar a situação das suas filhotas. As fotos usadas para ilustrar as reflexões de hoje são desse cultivo.
Essa mensagem é de um camarada, querendo uma consultoria de como melhorar o cultivo dele, que é feito numa região árida do Ceará, numa pequena propriedade rural. Ele me enviou as fotos das suas plantas e me pediu conselhos do que está se passando e o que é possível fazer para melhorar a situação das suas filhotas. As fotos usadas para ilustrar as reflexões de hoje são desse cultivo.
Primeiro, é preciso explicar o que é um cultivo chamado “outdoor”. Antes de entrar propriamente nisso, precisamos lembrar que somente quando recebe 12 ou mais horas de escuridão total por dia a planta irá entender que é hora de florir. As plantas de maconha iniciam o processo de florescimento e produção de resina psicoativa quanto entendem que chegou o inverno e, portanto, que os dias estão se tornando mais curtos que as noites. Os cultivadores convencionaram que a maior produção de flores e resina se dá quando a planta recebe 12hs por dia de luz ininterruptas e 12hs de escuridão total, durante a floração. Porém, é possível florir plantas com 11, 10, até menos horas diárias de luz com incidência direta sobre as plantas. No entanto, estudos apontam que a maior produção de resina psicoativa e flores de fato ocorre quando a planta recebe 12hs por dia de luz.
Em cultivos usando o sol, as plantas ficam totalmente expostas à ação da natureza. Isso significa que elas irão se molhar, inclusive as flores, quando chover, o que aumentará o risco delas mofarem. Significa que estarão expostas a todos os tipos de pragas e predadores que se alimentem de vegetais, como equinos, caprinos, bovinos, roedores, etc. Se o cultivo for feito no quintal de casa é possível controlar melhor esses riscos. A construção de uma estufa de tela é uma solução muito boa. Além de proteger a planta do ataque de pragas e predadores, também camufla o jardim. É importante também sempre dar tratamento nas plantas com algum defensivo orgânico, como o óleo de neem, agindo de forma preventiva. O óleo de neem deve ser aplicado semanalmente durante toda a vida da planta, até a 4 semana de floração. No mercado especializado também se encontra produtos à base do princípio ativo do óleo de neem, muito eficazes para o extermínio de diferentes pragas.
Em algumas das fotos é possível ver que uma das plantas têm sinais de que estão sendo atacadas por algum inseto sugador de energia. Quando este tipo de ataque já está em estágio avançado as folhas das plantas começam a apresentar sinais de que sua energia está sendo sugada, com pontos amarelados e esbranquiçados na parte superior. Por isso é importante ao menos uma vez por semana verificar todas as folhas das plantas por baixo. Os insetos que sugam a energia das plantas vivem na parte debaixo das folhas. É na confortável sombra das folhas que esses vampiros se alojam para destruir o sonho de uma colheita perfeita. É preciso periodicamente conferir se não há nenhum tipo de manchas por baixo das folhas. No caso em questão hoje só posso falar genericamente porque não tenho como saber que tipo de praga está atacando sem uma foto macro da parte posterior de uma folha atacada.
O ideal era que as plantas das fotos tivessem sido transplantadas para o chão ainda durante a fase de crescimento, antes da floração. Assim suas raízes teriam crescido fortes, penetrando o máximo o solo em busca de água e nutrientes extra. Seria bom ter preparado o solo com muita matéria orgânica, especialmente húmus de minhoca, garantindo também que ao menos metade dele fosse composto por algum substrato aerado, como pó de coco ou perlita. Assim as raízes têm facilidade para penetrar fundo e crescer livremente. As plantas só crescem novas partes acima do solo quando já têm raízes que possam sustentá-las. Se essas plantas estivessem fincada diretamente no solo certamente elas estariam muito mais saudáveis e teria crescido mais e produzido mais flores.
Dito isso, acho que resta apenas deixar a forma mais simples para pessoas que estão se iniciando na arte do cultivo para adicionar os nutrientes que estão faltando na dieta das plantas em questão. O magnésio pode ser encontrado num laxante vendido nas farmácias sob o nome comercial de “sal amargo” ou sulfato de magnésio. Não deve ser confundido com cloreto de magnésio. Pode ser aplicado na proporção de 10gramas por litro de água, 1 vez por semana, lembrando que cada planta reage de uma forma, algumas precisando de doses menores, outras de doses maiores.
A última dica serve principalmente para cultivadores de exterior (outdoor), mas também serve para os que fazem indoor. A dieta das plantas deve conter também certa dose de cálcio. O calcário dolomítico é um produto barato, fácil de ser encontrado e que cumpre bem essa função. Além de cálcio ele também contém magnésio em sua composição. No caso do cultivo em questão eu adicionaria na próxima rega uma colher rasa de calcário para cada 3 litros de água. O ideal era que isso tivesse sido feito antes, algumas vezes ao longo da vida da planta e não agora, nas últimas semanas de vida, mas nunca é tarde.
Mais uma vez espero que tenham gostado do texto e, principalmente, que ele tenha ajudado a esclarecer mais a respeito da natureza da cannabis e do seu cultivo. Enviem suas mensagens, críticas, etc e, principalmente as dúvidas, preferencialmente com fotos, para o e-mail:hempadao@gmail.com
+info: publicado originalmente no blog parceiro Hempadão
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