sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Diretor de Tropa de Elite defende descriminalização da maconha para coibir a violência

Por João Carlos Sampaio, de A Tarde

O diretor do filme Tropa de Elite, José Padilha, declarou que é a favor da descriminalização da maconha. A fala surgiu em meio ao questionamento da imprensa sobre se o ponto de vista do autor do mais pirateado filme brasileiro em todos os tempos coincide com o do personagem central, um capitão do Batalhão das Tropas Especiais (Bope) da PM do Rio de Janeiro.

Padilha rebateu as acusações de que o filme possui uma postura de extrema direita, defendendo a violência como única forma de combater o tráfico de drogas. “É, sem dúvida, a crença de parte da sociedade brasileira e também do personagem do filme, mas não é a minha visão”. Ele crê num processo gradual de amadurecimento da questão até a descriminalização da maconha, para diminuir a violência no ciclo vicioso do tráfico.

A entrevista aconteceu dentro da programação do Festival de Cinema do Rio, que está na sua segunda semana de atividades e deve ser encerrado amanhã (dia 4 de outubro). O diretor de Tropa de Elite tocou em vários outros pontos polêmicos, especialmente sobre a pirataria desenfreada e inédita. “Nunca nenhum filme teve uma disseminação tão grande dois meses antes de ficar pronto. Essa cópia inacabada que está circulando nos obrigou a mudar todo o cronograma de finalização e distribuição do filme”.

Tropa de Elite tinha previsão de lançamento para novembro, mas já vai estrear no Rio de Janeiro e em São Paulo neste final de semana. Em Salvador e outras capitais o filme chega às salas de cinema no próximo dia 12 de outubro. Para Padilha, a prisão de funcionários da empresa de legendagem Drei Marc, acusados de terem gerado as primeiras cópias, é decisiva para mostrar que a produção do filme não planejou nenhum tipo de golpe de marketing subterrâneo.

“Não questiono que essa comercialização ilegal trouxe uma grande visibilidade ao filme, mas a opinião dos produtores e a nossa é a de que não dá para quantificar se isso vai afetar a bilheteria do filme negativamente ou positivamente”, afirmou. “Muita gente vai se satisfazer com a versão inacabada, muita gente vai querer ver o filme finalizado, muita gente que talvez não fosse ao cinema talvez vá. Estamos falando de economia e de um público hipotético e isso não é tão simples assim”, afirmou.

Tropa de Elite será distribuído no cinema com 140 cópias já neste final de semana e depois terá mais 110 cópias a partir do dia 12. O produtor e diretor Marcos Prado, sócio de José Padilha na produtora Zazen, informou que o filme deve chegar ao circuito internacional em janeiro de 2008. Ele evita projeções, mas revela que sonha com um público ao menos na casa dos cinco milhões de espectadores.

Outra revelação que surgiu na entrevista foi a de que duas emissoras de televisão aberta e mais uma de TV a cabo procuraram José Padilha sondando a possibilidade de que o filme dê origem a uma série ou minissérie. “Não fiz a fita com esta intenção, a obra se resolve em si mesma, mas considero natural esse interesse”, disse o diretor.

Ao final, ele reafirmou que o seu personagem - o narrador da história - não tinha opção dentro do sistema ao qual a polícia está submetida, sendo obrigada, sem equipamentos e preparação adequados, a subir a favela para trocar tiro com bandidos. O filme mostra um personagem fictício inspirado na experiência do Capitão Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Bope, que é co-autor do livro A Elite da Tropa, obra que nasceu junto com o filme e foi lançada no ano passado.

Saiba Mais sobre Tropa de Elite: Ficha Técnica; Site Oficial

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