quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Entrevista com o Dr. Henrique Carneiro

Enviado por Henrique Carneiro,

Legalize já
Especialista diz que não tem jeito: para conter a violência, drogas devem ser descriminalizadas

O historiador Henrique Carneiro, pesquisador do NEIP e autor de Pequena Enciclopédia da História das Drogas e Bebidas, acha que o fracasso da política de proibição das drogas é explicado na derrota de se tentar proibir o álcool.

Podemos traçar algum paralelo entre a Lei Seca e a proibição das drogas, que vigora até hoje?
O fenômeno é o mesmo, o proibicionismo. Ele vem de uma mesma matriz ideológica puritana.
Os atuais narcotraficantes podem ser comparados com os contrabandistas de bebidas?
Sim. São empresários capitalistas que se aproveitam da proibição, enriquecem usando a violência e a corrupção de autoridades civis e militares. Isto os donos dos negócios, mas os funcionários também têm o mesmo perfil que os subalternos dos gângsteres: servidão total, nenhuma garantia trabalhista e ainda trabalhavam sob um regime de terror.
A proibição das drogas é um fracasso assim como foi a do álcool?
Sim. Trouxe mais danos à sociedade que os que supostamente visa combater. Aumentou, ao invés de diminuir, a renda e o volume do negócio. E ainda disseminou a banalização da violência e da corrupção policial.

Descriminalizar as drogas, então, é a solução?
Mais uma vez, sim. Diminuiria o lucro ligado a esse negócio, haveria arrecadação de impostos, um maior controle de qualidade e de vigilância sanitária, acabando, assim, com o interesse de máfias, gangues e grupos armados, assim como policiais corruptos. Ainda reduziria o número de presos e manteria as autoridades ocupadas com outras esferas do crime.

Existe algum modelo de política de controle das drogas no mundo que poderia ser aplicado no Brasil?
Creio que deveríamos desenvolver e aplicar um modelo próprio, que legalizasse o cultivo para uso pessoal e o comércio, mas que usasse também experiências bem sucedidas, como a tolerância existente na Austrália, Espanha, Canadá e Holanda ou a venda controlada em coffee shops, a distribuição de Cannabis para fins medicinais - que ocorre em vários estados americanos. Tais políticas deveriam ser ampliadas e deveríamos romper com os tratados internacionais que regem o assunto.
Leia a entrevista na íntegra: Aventuras na História, edição 49.

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