quarta-feira, 18 de julho de 2007

Nova Presidente da UNE é favorável à descriminalização de "drogas leves"

Entrevista do Jornal O Globo com a nova presidente da UNE, Lúcia Stumpf.

Lúcia Stumpf, primeira mulher na presidência da UNE depois de 15 anos, é a favor do aborto e das drogas leves

Gaúcha, de 25 anos, Lúcia Stumpf foi eleita presidente da UNE, semana passada, durante o 50oCongresso da entidade, que comemora 70 anos. Estudante de jornalismo nas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), em São Paulo, ela é a quarta mulher à frente da UNE, a primeira depois de quinze anos de gestões masculinas. Lúcia assume com a promessa de, nos próximos dois anos, lutar contra o machismo no movimento estudantil.

MACHISMO: “A universidade ainda reflete o machismo. A mulher, quando passa numa sala para dar informes, é avaliada pela estética. Tenho certeza de que fui eleita pelo conteúdo. Mas muitas deixam de participar do movimento, sentem-se acuadas.”

ABORTO: “Sou favorável à legalização. A UNE vai levantar este debate. A mulher sabe que aborto não é contraceptivo, é um ato traumatizante. A legalização não vai estimular o aumento de casos.”

DROGAS: “Também vamos entrar no debate. A descriminalizaçã o das drogas leves é um tema que a sociedade deve encarar de frente, está diretamente ligado aos jovens.”

RECURSOS PÚBLICOS: “A UNE sempre teve autonomia. No governo FH, o ministro Paulo Renato nunca recebeu o movimento. Hoje conversamos com o presidente e com os ministros.

Isso possibilita o repasse de verba.

O Ministério da Cultura financiou a Bienal da UNE. Acho justo. O governo não patrocina ONGs?”

POLÍTICA ESTUDANTIL: “O apoio não minimiza a crítica. No nosso congresso, decidimos radicalizar na política estudantil. Faremos uma jornada de luta em agosto, pelo Plano de Assistência Estudantil. Vamos lutar também para que o governo enfrente os tubarões do ensino privado, que reajustam mensalidades e nem sempre oferecem ensino de qualidade. O governo também tem que aumentar vagas na universidade pública, pois 70% das matrículas estão nas particulares. Queremos que 7% do PIB seja investido em educação.”

IDADE: “Tenho 25 anos. Não acho uma idade avançada para presidir a UNE. Eu estava no 7operíodo, quando me mudei para São Paulo. Quando consegui me matricular na FMU, tive que voltar ao 4operíodo. Por causa das viagens, nem sempre dá para cursar todas as disciplinas. Mas eu conto com a ajuda dos colegas, que fazem cópias dos cadernos, passam a matéria.”

ESTUDANTE PROFISSIONAL: “De forma alguma. Acho ótimo estar na faculdade, mas sei que este é um momento, vai ter fim e um dia vou seguir minha carreira. Estudo à noite e sou uma boa aluna, média 8,5.”

VIDA SOCIAL: “Dá para ter. Tomamos uma cervejinha no bar em frente à faculdade. Gosto de cinema, sou frequentadora assídua das salas da Rua Augusta. Também gosto de balada eletrônica. Já fui a raves. Na minha adolescência em Porto Alegre, gostava de shows de punk rock.Tenho namorado há dois anos. Ele não é militante, faz direito na USP.”

VAIDADE: “Sou vaidosa, sim. Gosto de pintar o cabelo quando dá. Também adoro tatuagens. Tenho 16, sendo 14 estrelinhas coloridas.”

COMLUTE: “Nunca conseguiram se colocar como uma entidade estudantil, não avançam como movimento. Não acho que sejam uma ameaça à UNE.”


Leia mais: O Globo; UNE

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