terça-feira, 19 de dezembro de 2006

ONU divulga relatório 2006 sobre consumo mundial de drogas

O United Nation Office on Drugs and Crime - UNODC divulgou o relatório referente aos dados sobre o consumo mundial de drogas no ano de 2006. O documento destaca um capítulo especial ao cultivo e consumo de Cannabis sativa e derivados, chamando atenção para as inovações tecnológicas que têm permitido transformações no mercado, inclusive admitindo a possibilidade de que pessoas que fazem uso da planta possam cultivar seus próprios espécimes.
Segundo a Agência, há um número cada vez mais crescente de pessoas que fazem uso ou não, que percebem que há grandes diferenças entre os riscos dos usos de Cannabis e de outras ‘drogas’, chegando a afirmar que os principais riscos seriam decorridos de uma ‘desinformação implacável’. (UNODC, 2006; 162)

Ainda segundo a UNODC, o mercado consumidor norte-americano estaria estimado entre 10 e 60 bilhões de dólares (o que dá um número próximo do apontado pelo estudo do Marijuana Policy Project), e é abastecido em sua maioria por cultivadores locais, que respondem pela 3ª maior colheita mundial de maconha, atrás do México e do Marrocos, respectivamente. (UNODC, op. cit.; 164). O documento ainda chama a atenção para o fato dos EUA ser um país que produz uma grande quantidade de Cannabis, mas também tem revelado altos índices de consumo dos derivados da planta. Tanto que não apenas consome o que produz como importa de produtores no Canadá e no México.

Por outro lado, o Relatório chama alerta para a situação curiosa do Brasil, no qual as principais pesquisas apontam um índice de pessoas que fuma maconha regularmente de apenas 1%, (‘dependentes’ na pesquisa original), no entanto, no mesmo período da coleta, o Brasil reportou a apreensão de 200 toneladas de maconha em 2002, o que segundo o relatório equivaleria a 200 gramas para cada usuário regular. Além disso, o relatório aponta que no mesmo ano também foram reportadas a destruição de 2.500.000 espécimes de Cannabis sativa, o que ampliaria essa quota para 1 quilo por consumidor da planta. De fato, o relatório chama atenção para o contraste entre os dados sobre o consumo, e os número que aponta que o país não apenas produz 20% do que consome, mas ainda importa o restante de países vizinhos. Segundo a UNODC, a atual produção brasileira de Cannabis se concentra nas regiões Norte e Nordeste do país, em áreas onde os fotos-período possibilitam um maior número de colheitas por ano. O custo de produção é de U$ 30,00 o quilo, chegando a custar até U$ 220,00 nas zonas urbanas, onde são comercializadas para o consumidor final. (UNODC, op. cit.; 167-168)

O relatório ainda aponta que as autoridade paraguaias relataram que 85% da produção do país é destinado ao mercado brasileiro, 12% ao mercado do Cone Sul, e apenas 3% ao mercado interno. Além disso, os cultivadores se dedicaram a novas técnicas e a utilização de híbridos melhores adaptados ao clima do país, e atualmente têm conseguido uma produção maior e a confecção de um haxixe apreciado na Argentina e no Brasil. (UNODC, op. cit.; 168).

Ao estimar o consume mundial de derivados da planta, o Relatório chama atenção para os desvios inerentes aos dados produzidos dessa forma. Alerta para as dificuldades intrínsecas a se fazer levantamento o uso de ‘drogas’, práticas consideradas criminosas, especialmente em países onde o uso é estigmatizado, onde esses dados podem apresentar informações subestimadas em relação às populações consumidoras. Cabe ressaltar que os dados usados na construção das estimativas da UNODC são cedidos pelas agências e órgão oficias de cada um dos países citados pelo documento.

Referências:
United Nations Office on Drugs and Crimes – UNODC. World Drug Report 2006. Disponível no endereço: http://www.unodc.org/unodc/world_drug_report.html

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